NÃO, A NOVA GERAÇÃO NÃO É TECNOLÓGICA! A Importância de Ensinar Tecnologia com Propósito
- Carol Zanata
- 13 de jan.
- 3 min de leitura
Atualmente, vivemos em uma era de telas, redes sociais e avanços digitais que moldam as nossas vidas, especialmente entre os mais jovens. Muitas vezes chamados de “nativos digitais", esses jovens estão imersos em um mundo tecnológico desde cedo, mas será que realmente dominam as ferramentas ao seu redor? A realidade, segundo estudos e experiências em sala de aula, indica o oposto. Apesar de estarem sempre em contato com a tecnologia, muitos jovens não possuem as habilidades básicas necessárias para usá-la de forma produtiva. A facilidade de acesso e o uso constante estão interferindo no desenvolvimento de outras competências fundamentais, como a coordenação motora e a atenção. Esse gap entre o acesso e o domínio da tecnologia é abordado por um estudo recente publicado pelo Washington Post [1]. O estudo afirma que, embora os jovens aparentam dominar as redes sociais ou jogos digitais, eles frequentemente carecem de habilidades essenciais, como organização de arquivos, verificação de informações e análise crítica de fontes. Em minha própria experiência, noto que muitas crianças têm dificuldade em conduzir tarefas mais detalhadas ou que exijam um pensamento sequencial (ou computacional). Essa dificuldade em permanecer focados e engajados parece estar relacionada ao excesso de uso das tecnologias sem uma finalidade positiva. Estão acostumados com a recompensa instantânea proporcionada pelas redes sociais e pelo conteúdo rápido da internet, o que torna mais desafiador engajá-los em tarefas escolares que exigem paciência e esforço contínuo.
Uma pesquisa feita pela Adobe [2] enfatiza que a chamada “alfabetização digital” envolve muito mais do que apenas saber usar dispositivos; trata-se da capacidade de analisar criticamente informações, organizar o conhecimento de maneira eficiente e usar a tecnologia para criar, não apenas consumir. Eles são rápidos em abrir um aplicativo ou iniciar um vídeo, mas hesitam quando precisam criar um projeto digital ou lidar com tarefas que exigem mais do que um toque rápido na tela. O impacto de ser um mero usuário da tecnologia não se limita apenas ao campo digital. Entre os alunos do ensino fundamental, vemos cada vez mais uma falta de habilidades motoras básicas, resultado de uma interação limitada com o mundo físico em comparação com a digital. Em uma sala de aula, isso pode se manifestar em dificuldades de coordenação fina, como recortar, segurar um lápis corretamente, abrir ou fechar um estojo e até mesmo habilidades de escrita. Muitos desses alunos estão acostumados a usar apenas os polegares em jogos ou aplicativos, o que limita seu desenvolvimento motor e, muitas vezes, sua autoconfiança em tarefas que envolvem outras habilidades manuais.
Esses desafios que surgem na sala de aula deixam claro o quanto é essencial ensinarmos tecnologia com propósito. Não basta apenas oferecer o contato com dispositivos; é preciso desenvolver uma educação tecnológica que instigue a curiosidade, a criatividade e o pensamento crítico. Como educadores, podemos ajudar a direcionar esse contato passivo para um uso mais significativo e criativo, ensinando não só a usar a tecnologia, mas a entender como ela pode ser uma ferramenta para desenvolver habilidades importantes. Só assim vamos formar uma geração que entende e usa a tecnologia de um jeito realmente produtivo e responsável, capaz de resolver problemas e trazer melhorias sustentáveis para o mundo, garantindo uma vida melhor para todos no futuro.
Bibliografia
[1] Bowles, N. (2019, November 16). Today’s kids may be digital natives. A new study shows they aren’t close to being computer literate. The Washington Post. https://www.washingtonpost.com/education/2019/11/16/todays-kids-may-be-digital-natives-new-study-shows-they-arent-close-being-computer-literate/
[2] Adobe. (n.d.). Digital native doesn’t mean digitally literate: What Adobe’s study reveals. The Chronicle of Higher Education. https://connect.chronicle.com/rs/931-EKA-218/images/DigitalNative_Adobe_ResearchBrief.pdf
[3] Al-Qahtani, N. A. (2021). Effect of using educational technology on students’ performance in educational psychology. International Journal of Education and Practice, 9(2), 250-258. https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ1313488.pdf
[4] Rahmat, M., Ibrahim, M. I., & Zaid, M. A. (2021). The impact of digital technology in teaching and learning. Environment-Behaviour Proceedings Journal, 6(18), 13-18. https://ebpj.e-iph.co.uk/index.php/EBProceedings/article/view/2374
[5] Aithor. (n.d.). The impact of technology on student engagement and learning outcomes in classes. https://aithor.com/essay-examples/the-impact-of-technology-on-student-engagement-and-learning-outcomes-in-classes
[6] Gabriel, M. (2013). Educação na era digital. Editora Atlas.
[7] UConn KIDS (Kids in Developmental Science). (2022, September 23). Screen media is affecting children’s fine motor skills. University of Connecticut. https://kids.uconn.edu/2022/09/23/screen-media-is-affecting-childrens-fine-motor-skills/



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